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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Poesia: A última valsa

(Crepúsculo - foto de Danilo Azevedo)


A última valsa

Ela me visita sempre.
Quando bate à minha porta, digo:
- Espera, tenho que escrever o dia.

Então, à tarde ela retorna.
Eu falo manso:
- Vê? Ainda não anoiteceu.
Tenho que bordar a tarde.

À noite ela chega aflita.
Quer vestir-me de negro
para a última dança.
Recuso:
- Sinto, distinta senhora,
quero, na borda da escrita, madrugar poesia.
O dia me espera para a branca valsa da vida.

Ao vê-la triste, sozinha, consolo:
- Um dia, juntas dançaremos a despedida.
Sob a luz do sol poente,
a última valsa.

Flávia Drummond Naves

Poema premiado com o 1º lugar, categoria Poesia, no Concurso Literário promovido pela OAP-UFMG 2011.