quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Sobre a Jornada temática da Escola Freudiana de Belo horizonte/iepsi



A experiência psicanalítica enquanto práxis sempre gerou uma escrita viva, que  acolhe e  cria novas significações. O campo aberto pelo discurso analítico desaloja o pensamento cartesiano de sua hegemonia conceitual e inaugura para o mundo moderno a  possibilidade de pensar as ações humanas sob um olhar em reviramento : assim nasce o sujeito do inconsciente, interrogando o enigma de seu próprio desejo.Essa fenda aberta no pensamento científico  marca definitivamente o terreno da psicanálise.  
Sabemos o quanto Freud dedicou sua vida na construção dos fundamentos da teoria analítica, sem nunca  fechar  seu pensamento à críticas, debates e abertura à outros campos científicos e estéticos. Talvez por isso mesmo a potência criadora de sua escrita  tem servido à apropriações indevidas do texto psicanalítico.
Em Minas Gerais, o Movimento Mineiro de Psicanálise, engajado em resguardar os critérios clínicos da prática analítica  tem mostrado um incansável  esforço de trabalho no sentido do combate à regulamentação da Psicanálise ao mesmo tempo que acolhe  em sua transmissão todos aqueles que se sentem causados  pelos  princípios éticos do inconsciente freudiano.
Em 1964, no Seminário 11, Lacan nos convida a “voltar à base” -  rever o  estatuto teórico da psicanálise. Em sintonia com essa proposta, nós da Escola Freudiana de Belo Horizonte/iepsi nos colocamos ao lado de todas as Escolas psicanalíticas  que neste momento retornam  aos  conceitos fundamentais de nossa prática clínica : inconsciente, repetição, transferência, pulsão.  
Que esse encontro ponha em movimento o desejo de cada um.Assim, esperando   receber o novo em nossos trabalhos convidamos a todos que se interessam  pela psicanálise a participarem  de nossa  2ª Jornada Temática: A trama dos conceitos e a ética da psicanálise.

Maria Barcelos de Carvalho Coelho

Psicanalista
Membro da Escola Freudiana de Belo Horizonte/iepsi


Belo Horizonte, 28 de outubro de 2012




segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Poesia: A última valsa

(Crepúsculo - foto de Danilo Azevedo)


A última valsa

Ela me visita sempre.
Quando bate à minha porta, digo:
- Espera, tenho que escrever o dia.

Então, à tarde ela retorna.
Eu falo manso:
- Vê? Ainda não anoiteceu.
Tenho que bordar a tarde.

À noite ela chega aflita.
Quer vestir-me de negro
para a última dança.
Recuso:
- Sinto, distinta senhora,
quero, na borda da escrita, madrugar poesia.
O dia me espera para a branca valsa da vida.

Ao vê-la triste, sozinha, consolo:
- Um dia, juntas dançaremos a despedida.
Sob a luz do sol poente,
a última valsa.

Flávia Drummond Naves

Poema premiado com o 1º lugar, categoria Poesia, no Concurso Literário promovido pela OAP-UFMG 2011.