Ida Amaral Brant Machado¹
Após o percurso no texto freudiano sobre a feminilidade, onde ela é apresentada como um “vir a ser e não como um ser” o caminho do “tornar-se mulher” é tortuoso e muitas vezes não alcançado, levando em consideração as três saídas propostas por Freud.
Durante um dos seminários lembrei de um texto que tinha lido, “O Dragão e o Santo” de Ana Portugal, onde a autora , partindo de um texto de Freud, de 1913, “A disposição neurose obsessiva –Uma contribuição ao problema da escolha da neurose”, relata essa passagem do “dragão” para o santo- sainthomme,sinthoma. Freud,no seu artigo traz algumas hipóteses que depois são abandonadas(ex. experiências sexuais passivas na primeira infância predispunham à histeria e as ativas à neurose obsessiva), mas defende a idéia de uma organização sexual pré-genital anal-sádica que algumas mulheres regridem quando “liquidam sua função genital”. A escolha da neurose tem caráter de disposições, são independentes de experiências que operam patogenicamente( a escolha não depende da experiência, a escolha da neurose não está fora do sujeito).Freud , em 1913 fala desses traços anais sádicos que aparecem com o declínio da feminilidade, a jovem esposa e amante que se transforma em um velho dragão, como uma regressão da vida sexual ao estagio pré-genital sádico-anal-erótico.