terça-feira, 14 de setembro de 2010

Seção Clínica, efeito de corte

Ida Amaral Brant Machado
Psicanalista
Membro da Escola Freudiana de Belo Horizonte/iepsi


“A clínica é o real enquanto ela é impossível de suportar”
J. Lacan, Seção Clínica Onírica 1977


O texto que vou apresentar traz algumas questões pontuais, que busco formalizar a partir do lugar da seção clínica, na EFBH/iepsi, tendo como indagação: como a clínica psicanalítica pode ser objeto de uma transmissão? E também de interrogar ao psicanalista, como nos diz Lacan “de apertá-lo para declarar suas razões” sobre o exercício dessa práxis.

O engajamento com a experiência de fazer escola, sustentando o discurso analítico, nos remete ao compromisso ético da transmissibilidade da psicanálise, norteado pela operação do desejo do analista, de um analista que seja pelo menos dois “o analista para ter efeitos e o analista que esses efeitos os teoriza” (Lacan R.S.I. – Lição 10/12/1974).

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Borges e a Biblioteca

Suzana Márcia Dumont Braga
Psicanalista
Membro da Escola Freudiana de Belo Horizonte/iepsi


“A escrita metódica distrai-me da presente condição dos ‘’homens. A certeza de que tudo está escrito nos anula ou nos faz fantasmagóricos” 78(Jorge Luís Borges in Biblioteca de Babel).


O espaço da biblioteca é o espaço que o dentro e o fora se entretecem de maneira moebiana. Nada nem ninguém sobrevive ensimesmado. As trocas são fundamentais desde o momento da constituição do eu. Só há eu porque existe Outro, que nos encanta com lalangue, sedução primeira e fundamental.Que espaço é esse supostamente de fora, que a biblioteca se propõe trazer pra dentro? Já colocando em prática este movimento, talvez seja interessante tomar como referencia a Biblioteca de Babel, conto de Jorge Luis Borges.

Ora, sabe-se que a Torre de Babel, segundo a narrativa bíblica no Gênesis foi uma torre construída por um povo com o objetivo que o cume chegasse ao céu. Deus parou este projeto ao confundir a sua linguagem e espalhar o povo sobre toda a terra. Esta história é usada para explicar a existência de muitas línguas e raças diferentes.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A carta 52 em Lituraterra

Maria Barcelos de Carvalho Coelho
Psicanalista
Membro da Escola Freudiana de Belo Horizonte/iepsi.

Se acreditamos que os poetas ou alguns escritores nos aproximam de uma verdade onde pulsa uma memória da qual nada se sabe, vejamos como eles podem nos remeter à carta 52 de Freud à Fliess, escrita em 1896. Nesta carta talvez já possamos perceber o que seria mais tarde o sujeito do discurso preconizado por Lacan _ descentrado em seu “esplêndido caos”, como nos mostra Adélia Prado em seu poema “Antes do nome”. O próprio Freud já anunciava para o século nascente um certo deslocamento que vai se moldando na concepção desse sujeito por vir. “ O homem não é o senhor em sua própria morada.”