sábado, 30 de outubro de 2010

O seminário, O despertar da puberdade: ESCRITAS DE UMA PASSAGEM, acontece na EFBH/iepsi.

 Instigados pelas questões suscitadas pelo tempo lógico de movimento da estrutura que a adolescência comporta, temos investigado as escritas da passagem adolescente na Literatura articulando com as dimensões do Imaginário, Simbólico e Real. O tema foi desdobrado em três vertentes: Escritos PARA adolescentes, Escritos DE adolescentes, Escritos SOBRE. Ainda que os três registros estejam presentes nas três vertentes, cada uma delas toca mais de perto respectivamente os registros do Imaginário, Real e Simbólico.


O texto que se segue foi produzido a partir dos estudos dos Escritos DE adolescente.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Minha Vida de Menina [1]

Maria Beatriz de Assis C Jardim
Psicanalista
Membro da Escola Freudiana de Belo Horizonte/iepsi


Existe certa polêmica sobre a autoria e autenticidade da obra de Helena Morley[2], na verdade Alice Dayrell Caldeira Brant.

Minha Vida de Menina foi escrito em 1893 e editado pela primeira vez em 1942, quando a autora já estava adulta.

Roberto Scharz, em “Duas Meninas”[3], descreve Helena como “uma menina precoce, que desenvolveu o sentido crítico e a capacidade de expressão num momento em que a criança ainda prefere a cozinha à sala, os empregados aos pais, os pobres e os trabalhadores à gente de bem, a mistura social e racial dos brinquedos de rua à propriedade e à distinção de classe”.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O vazio é determinante

Yáskara Sotero Natividade Veado
Psicanalista
Membro da Escola Freudiana de Belo Horizonte/iepsi


Uma paciente chega ao meu consultório com a queixa de ter uma ‘’coceira interna’’ há dois anos. A coceira se localiza no abdômen um pouco acima da cicatriz das três cesarianas.

_ “Quando a coceira aparece quase fico louca, a única forma de parar é com o uso de corticóide. A dosagem é de 40 mg ao dia e eu mesma diminuo quando a coceira é menor. Já passei por clínico geral, ginecologista, neurologista, alergista, psiquiatra e dermatologista. Com o clínico geral e a dermatologista faço consultas mensais, e são os dois que me medicam com Fluoxetina e corticóide, atualmente”.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Seção Clínica, efeito de corte

Ida Amaral Brant Machado
Psicanalista
Membro da Escola Freudiana de Belo Horizonte/iepsi


“A clínica é o real enquanto ela é impossível de suportar”
J. Lacan, Seção Clínica Onírica 1977


O texto que vou apresentar traz algumas questões pontuais, que busco formalizar a partir do lugar da seção clínica, na EFBH/iepsi, tendo como indagação: como a clínica psicanalítica pode ser objeto de uma transmissão? E também de interrogar ao psicanalista, como nos diz Lacan “de apertá-lo para declarar suas razões” sobre o exercício dessa práxis.

O engajamento com a experiência de fazer escola, sustentando o discurso analítico, nos remete ao compromisso ético da transmissibilidade da psicanálise, norteado pela operação do desejo do analista, de um analista que seja pelo menos dois “o analista para ter efeitos e o analista que esses efeitos os teoriza” (Lacan R.S.I. – Lição 10/12/1974).

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Borges e a Biblioteca

Suzana Márcia Dumont Braga
Psicanalista
Membro da Escola Freudiana de Belo Horizonte/iepsi


“A escrita metódica distrai-me da presente condição dos ‘’homens. A certeza de que tudo está escrito nos anula ou nos faz fantasmagóricos” 78(Jorge Luís Borges in Biblioteca de Babel).


O espaço da biblioteca é o espaço que o dentro e o fora se entretecem de maneira moebiana. Nada nem ninguém sobrevive ensimesmado. As trocas são fundamentais desde o momento da constituição do eu. Só há eu porque existe Outro, que nos encanta com lalangue, sedução primeira e fundamental.Que espaço é esse supostamente de fora, que a biblioteca se propõe trazer pra dentro? Já colocando em prática este movimento, talvez seja interessante tomar como referencia a Biblioteca de Babel, conto de Jorge Luis Borges.

Ora, sabe-se que a Torre de Babel, segundo a narrativa bíblica no Gênesis foi uma torre construída por um povo com o objetivo que o cume chegasse ao céu. Deus parou este projeto ao confundir a sua linguagem e espalhar o povo sobre toda a terra. Esta história é usada para explicar a existência de muitas línguas e raças diferentes.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A carta 52 em Lituraterra

Maria Barcelos de Carvalho Coelho
Psicanalista
Membro da Escola Freudiana de Belo Horizonte/iepsi.

Se acreditamos que os poetas ou alguns escritores nos aproximam de uma verdade onde pulsa uma memória da qual nada se sabe, vejamos como eles podem nos remeter à carta 52 de Freud à Fliess, escrita em 1896. Nesta carta talvez já possamos perceber o que seria mais tarde o sujeito do discurso preconizado por Lacan _ descentrado em seu “esplêndido caos”, como nos mostra Adélia Prado em seu poema “Antes do nome”. O próprio Freud já anunciava para o século nascente um certo deslocamento que vai se moldando na concepção desse sujeito por vir. “ O homem não é o senhor em sua própria morada.”

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Escola e o Chiste

Rosângela Gazzi Macedo*
Psicanalista
Membro da Escola Freudiana de Belo Horizonte/iepsi.

“A liberdade produz chistes e os chistes produzem liberdade”.

(Jean Paul Richter, 1804)



A transmissão da Psicanálise consiste em fazer passar os efeitos do inconsciente, do impossível de dizer do Real na experiência analítica. Freud e Lacan tomam o Chiste como um dos modelos da transmissão da psicanálise e a proposta deste trabalho é pensar a Escola como o lugar para acolher, escutar e teorizar os efeitos das formações do inconsciente, dessa experiência de saber que é tema do Colóquio em Salvador.

A alusão do chiste como formação do inconsciente implica que há um efeito do inconsciente, padecido por um sujeito, "atropelado" por um significante que se mostra como proveniente de um outro discurso, o do Outro. Demonstra a existência de um lugar alheio ao eu, e que irrompe de modo inesperado nos ditos do sujeito, ditos esses que aparecem como tropeço, um desfalecimento, uma rachadura, e que nos tocam de uma forma particular.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A psicanálise e a arte

Suzana Márcia Dumont Braga
Psicanalista
Membro da Escola Freudiana de Belo Horizonte/iepsi.
Doutora em literatura



Qual a proposição interliga esses dois significantes: psicanálise, arte. Seria um e, seria um ou? É interessante constatar que querelas sobre essa interlocução são infindáveis, desde Freud. Lacan e outros. Ora, se a Psicanálise não se encaixa no modelo clássico de ciência, poderíamos dizer que ela seria uma espécie da arte? Se há algo em comum, também há uma separação entre esses campos. O seminário Psicanálise: técnica ou arte pretende partir de Freud, em suas considerações sobre O estranho (1919), ir a outros autores mais contemporâneos para discutir essa relação.

Depois de percorrer duas pesquisas em pós graduação sobre a literatura, entendo que chegou o hora de trazer de volta as perguntas que o meu trajeto produziu, para a partir delas questionar e apontar pontos de amarração entre esses campos.


Suzana Márcia Dumont Braga

FAZER AMOR É POESIA ¹


Flávia Drummond Naves²
Psicanalista.
Membro da Escola Freudiana de Belo Horizonte/iepsi.
flaviadnaves@terra.com.br

PALAVRAS-CHAVE
Psicanálise – Escrita – Amor

SUMÁRIO
A autora trabalha o amor entre o imaginário, o contingente e o impossível para pensá-lo como uma escrita.


MOTS-CLÉS
Psychanalyse – Écriture – Amour

SOMMAIRE

L’auteaur travaille l’amour entre l’imaginaire, le contingent et impossible pour le penser comme une écriture.



Em 1926, Freud³ enlaça o amor à morte ao afirmar: a morte é a companheira do amor, juntos eles regem o mundo. Portanto, não poderemos mais escapar à vertente real do amor.
Encore. En cor. Ainda, em corpo, de novo, outra vez, além disso. No Seminário 20, Lacan utiliza-se da homofonia entre as palavras francesas: corps (corpo) e cor (escansão de en/cor/re, ainda) para escrever esse além, esse mais, ainda. ...Nós não sabemos o que é estar vivo, senão apenas isto, que um corpo, isso se goza (4). Ao buscar uma escrita para o gozo, Lacan indaga sobre o amor e o desejo. Segue os conselhos de Freud e vai à poesia para avançar na formalização dessa escrita. Trata-se de percorrer um caminho que permita enodar os três termos: amor, desejo e gozo. Aqui, não vou me estender na complexa articulação do autor. Apenas faço um recorte nesse tripé, para pensar o amor entre o imaginário, o contingente e o impossível. Para o sujeito, o amor revela o encobrimento da não relação sexual, assim como o fracasso desse encobrimento. Enquanto mola, o amor apresenta diferentes versões. Falar de amor é besteira. Fazer amor é poesia. Escrever o amor, a letra de uma carta de almor, é invenção, escreve o impossível. O amor parte da ideia de ser uma só carne e vem para fazer suplência à relação sexual. A poesia pode ser uma maneira menos besta para dizer o amor (5), ou pode ir muito além, ao escrever o amor.
 
Escrever.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

PSICANÁLISE E INFANS?

PSICANÁLISE E INFANS?


Rosely Gazire Melgaço
Psicanalista
Membro da Escola Freudiana de BH/iepsi
(31) 3224-0656


Anos atrás testemunhamos o esforço para considerar a eficácia da Psicanálise com crianças. Hoje em dia, ainda nos vemos às voltas com o estranhamento frente às transmissões de psicanalistas que trabalham no campo do infans – aquele que não fala -, e dos que estão em seu entorno.

Esse encontro com a criança, com o Infantil, pode se produzir maciçamente traumático, seja para os pais, seja para profissionais que com eles atuam. Há sempre um efeito de sideração no encontro com o Real.

Freud reconhece que, certamente, o ato do nascimento imprime uma marca, mas questiona a generalização desse ato como um trauma. A isso Lacan contribui quando diz que “de trauma, não há outro: o homem nasce mal-entendido”. 1

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Há declínio da feminilidade ?

Ida Amaral Brant Machado¹

Após o percurso no texto freudiano sobre a feminilidade, onde ela é apresentada como um “vir a ser e não como um ser” o caminho do “tornar-se mulher” é tortuoso e muitas vezes não alcançado, levando em consideração as três saídas propostas por Freud.

Durante um dos seminários lembrei de um texto que tinha lido, “O Dragão e o Santo” de Ana Portugal, onde a autora , partindo de um texto de Freud, de 1913, “A disposição neurose obsessiva –Uma contribuição ao problema da escolha da neurose”, relata essa passagem do “dragão” para o santo- sainthomme,sinthoma. Freud,no seu artigo traz algumas hipóteses que depois são abandonadas(ex. experiências sexuais passivas na primeira infância predispunham à histeria e as ativas à neurose obsessiva), mas defende a idéia de uma organização sexual pré-genital anal-sádica que algumas mulheres regridem quando “liquidam sua função genital”. A escolha da neurose tem caráter de disposições, são independentes de experiências que operam patogenicamente( a escolha não depende da experiência, a escolha da neurose não está fora do sujeito).Freud , em 1913 fala desses traços anais sádicos que aparecem com o declínio da feminilidade, a jovem esposa e amante que se transforma em um velho dragão, como uma regressão da vida sexual ao estagio pré-genital sádico-anal-erótico.

A passagem adolescente: do familiar ao social

Thereza Christina Bruzzi Curi
Psicanalista
Membro da Escola Freudiana de BH/iepsi
therezabruzzi@uol.com.br"




Em uma jornada sobre a afetividade, não é demais lembrar que o sujeito humano é dividido, desde sua entrada no mundo, pelas pulsões de Amor e Ódio, sendo que nenhuma dessas pulsões é menos essencial que a outra: elas se amalgamam de tal forma que às vezes é difícil as distinguir. Raramente, nossas ações são obra de somente uma delas e ambas estão em ação em todo homem.

Assim, do ponto de vista da estrutura do ser humano, há um tensionamento desde sempre entre essas duas pulsões.

A adolescência tal como a conhecemos hoje, com lugar de idade favorita, não existiu sempre. Ela surge como um fenômeno da contemporaneidade: época em que a civilização ocidental produziu efeitos universalizantes e cosmopolitas no modo de vida de seus centros urbanos, em detrimento dos laços comunitários e tradicionais que uniam cada grupo social às suas origens históricas e culturais específicas. A contemporaneidade vem quebrar as certezas culturais e historicamente transmitidas.

A psicanálise interessa-se pela adolescência enquanto uma questão que apresenta vetores históricos, culturais e econômicos; levando a pensá-la como o produto de uma época. No entanto, para além desses vetores,é mister levar em conta a relação do sujeito com o que causa mal-estar na sexualidade durante a adolescência. Cada sujeito precisa encontrar respostas próprias para fazer sua passagem por esse momento que denuncia, uma vez mais, a impossibilidade estrutural do encontro com o real do sexo.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A Trama e o Nó

Ana Lúcia Bahia ¹


PALAVRAS                           -                       CHAVE MOTS-CLÉS


SUMÁRIO                              -                      SOMMAIRE

Palavras chave: symptom, real, positions in front of real.

Sumary: This text brings three forms of positions that can be taken by someone in front of the real. One text talks about a poet and how he gives up in life, another one is a clinic fragment and the last is a poem that shows another form of position in front of the real bringing the art.


Sabemos que o sinthome por excelência é a forma de enodamento que o sujeito faz diante da falha paterna, e penso que a tessitura de um texto aponta para esse lugar, pois o que fazemos diante do real que a clínica nos apresenta, via sintoma do sujeito, senão tecer por meio da escrita essa tentativa de escrever um saber no real?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cinema no Divã

Aqui em formato PDF. Clique no link abaixo para abrir.

Cinema no Divã

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Incidências do real em Reunião de Família

Yolanda Mourão Meira
Psicanalista
Membro da Escola Freudiana de BH/iepsi




Pretendo articular as incidências do real na família com o livro de Lya Luft Reunião de família que, apesar de ficção, vou tomar como uma mostração, um fragmento clínico, buscando verificar como se apresenta o real naquela família.

Para pensarmos a família temos elementos imaginários – por exemplo, os mitos e as histórias que caracterizam a família –, elementos simbólicos – relativos a lugares, funções –; e elementos reais –ligados ao gozo, ao que não se representa na linguagem e circula pela família.

Em Reunião de família o que deveria ser um encontro “normal” de família num fim de semana na verdade vai apresentar toda a desarticulação, a solidão de cada um de seus membros, indicando como os encontros são faltosos e carregados de mal-estar. Algo acontece quando os membros da família estão juntos. Há uma pressão do coletivo que vai possibilitar que, de um a um, coloquem às claras tudo que foi arduamente escondido. Como se dá a interseção entre o coletivo da família e os distintos sujeitos?

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A clínica do caso por caso e as estruturas clínicas

Aloysio Bello
Psicanalista
Membro da Escola Feudiana de BH/iepsi
aloysiobello@uol.com.br
(31) 9636-1637

Sumário: A clínica do caso por caso é oposta às estruturas clínicas?

Sommaire: La clinique du cas à cas est-elle-opposée aux structures cliniques?

Unitermos: Caso por caso, estrutura clínica

Unitermes: Cas à cas, structure clinique

Muitos psicanalistas rechaçam, na atualidade, a aplicação do conceito de “estrutura clínica” na psicanálise. Isso acontece especialmente em um campo, o dos seguidores das concepções de Jacques Lacan que se referem a um último Lacan. Isso resulta paradoxal, já que se poderia dizer que “estrutura clínica” pertenceria ao conjunto de conceitos fundamentais introduzidos na psicanálise pelo ensino de Lacan, pelo menos
segundo o critério de muitos psicanalistas. Isso significa que são alguns “psicanalistas, lacanianos” os que com mais decisão rechaçam o que pode ser considerado por outros como um conceito fundamental no ensino de Lacan.
“Em 1948, aconselhado por Leuba, fui ver os sete sábios da Sociedade Psicanalítica de Paris. Foram muito gentis e quiseram saber quem eu era: masoquista, histérico, obsessivo? Com Lacan, encontrei alguém que não se interessava por quem eu era, mas pelo que eu dizia. Isso logo me pareceu bem mais interessante”. (Jean Clavreul em entrevista a Moustapha Safouan, Trabalhando com Lacan, organizadores Alain Didier-Weill e Moustapha Safouan, Zahar,2009, Rio).